quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Trabalho apresentado em evento

No dia 23 de outubro a mestranda Karen de Morais, Enfermeira voluntária apresentou um trabalho no evento III SEMINÁRIO APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR,III SEMINÁRIO ACESSIBILIDADE e I SEMINÁRIO DE AÇÕES AFIRMATIVAS
Na ocasião foi apresentado as atividades sobre acessibilidade realizado com os BM.
Em baixo segue o trabalho na integra:






“O meu mundo é diferente pode ter certeza”[1]

Eixo 3- Política de inclusão educacional e acessibilidade


Karen Cristiane Pereira de Morais[2]
Aline Gomes Ilha[3]
Lays dos Santos Bassi[4]


RESUMO

Com o crescimento dos espaços urbanos, há também o crescimento da população e é essencial que temáticas como acessibilidade sejam trabalhadas desde a infância, quando as crianças ainda estão na escola, pois são essas que irão disseminar o conhecimento para os demais. Com isso, é importante não haver somente as escolas, mas também outros lugares de discussão, pensando nisso o Projeto Bombeiro Mirim (PBM), abriu espaço com aulas de educação em saúde para que seus alunos entendam um pouco mais sobre a temática acessibilidade. Portanto, este estudo tem como objetivo relatar a experiência na elaboração e desenvolvimento de uma atividade sobre acessibilidade realizada no Projeto Bombeiro Mirim. Foram realizadas quatro atividades que compõe-se em uma observação na Praça dos Bombeiros, uma aula expositiva, uma atividade para casa e atividades lúdicas sobre o assunto. Conclui-se que os(as) Bombeiros Mirins (BM) se sensibilizaram com a temática, após uma reflexão sobre a aula desenvolvida, relatando suas experiências em uma redação, além disso expuseram como é importante ajudar as pessoas não importando se tem ou não deficiência e que devemos observar se os espaços de convivências são ou não acessíveis.


Palavras-chave: acessibilidade, educação em saúde, educação, projeto social.


INTRODUÇÃO

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em
direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade." (Art. 1º da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, 1948).
           
            Atualmente a população vem crescendo e junto os espaços urbanos vem crescendo e se desenvolvendo, mesmo com tanta mudança, ainda falta em muitos lugares melhor acesso para pessoas com deficiência poder circular.
Para a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (2017) a acessibilidade consiste em ser um atributo essencial do ambiente que garante a qualidade de vida das pessoas, sendo assim precisa estar presente em diversos espaços, como no meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na cidade como no campo.
            Já para o Ministério do Direitos Humanos (2017), o termo significa incluir a pessoa com deficiência na participação de atividades como o uso de produtos, serviços e informações. Alguns exemplos são os prédios com rampas de acesso para cadeira de rodas e banheiros adaptados para deficientes.
O conceito de educação em saúde está ancorado no conceito de promoção da saúde, pois ambos tratam de processos que abrangem a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana (MACHADO et. al., 2007). A prática da educação em saúde constitui um espaço de reflexão-ação, fundado em saberes técnico-científicos e populares, culturalmente significativos para o exercício democrático, capaz de provocar mudanças individuais e prontidão para atuar na família e na comunidade (MACHADO et. al., 2007). Dessa maneira, utilizou-se essa técnica de ensino para abordar a temática acessibilidade, por conseguir abordá-la integralmente, podendo utilizar o lúdico para o ensino. Nesse sentido, é importante destacar que a atividade lúdica possibilita a produção do conhecimento por meio de brincadeiras, jogos e divertimento (NILES e SOCHA, 2014).
            É essencial que temáticas como acessibilidade sejam trabalhadas desde a infância, quando as crianças ainda estão na escola, pois são essas que irão disseminar o conhecimento para os demais. Com isso, é importante não haver somente as escolas, mas também outros lugares de discussão, pensando nisso o Projeto Bombeiro Mirim (PBM), abriu espaço com aulas de educação em saúde para que seus alunos entendam um pouco mais sobre essa e outras temáticas.
            O PBM, é um projeto vinculado a Corporação dos Bombeiros Militares, havendo em vários lugares do Brasil, em Santa Maria, o projeto é realizado no 4ª Batalhão de Bombeiros Militares (4ºBBM) desde do ano de 2000, sendo executado principalmente por Bombeiros(as) Militares. Atualmente tem a coordenação de um 3º Sargento e um Soldado, esses ministram aulas voltadas ao treinamento de bombeiro(a), porém nos últimos 7 anos conta com a presença de uma voluntária civil enfermeira que ministra aulas de educação em saúde e monitores(as) voluntários(as) que eram integrantes alunos(as) do projeto e em sua maioria estão no ensino superior em diferentes áreas, o que auxilia na qualidade do ensino e abrangência de mais temáticas. As aulas do projeto são ministradas aos sábados pela manhã no quartel do 4ª BBM em Santa Maria. PBM, tem por finalidade desenvolver nas crianças entre oito e quinze anos a cidadania, a disciplina, aproximação com a rotina de um(a) bombeiro(a), além de atividade física, educação em saúde e outras atividades lúdicas. O propósito é formar gerações comprometidas com a segurança em todos os seus aspectos (PBM, 2017).
            Com tudo, o PBM tem espaço para aulas de educação em saúde, aulas essas, que permitem ações fundamentalmente voltadas para a promoção em saúde, desempenhando um papel importante no combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão social. Para Valla e Stotz (1996) a discussão sobre educação e saúde envolve as condições de vida da população, propondo uma compreensão do ponto de vista da ação social. Assim, compreender as concepções de educação em saúde é necessário buscar entender as concepções de educação, saúde e sociedade a elas subjacentes (CARDOSO DE MELO,2007).
            Portanto, este estudo tem como objetivo relatar a experiência na elaboração e desenvolvimento de uma atividade sobre acessibilidade realizada no Projeto Bombeiro Mirim. O trabalho é um relato de experiência onde expõe uma atividade de educação em saúde, desenvolvida pela enfermeira voluntária, juntos com os(as) monitores, na ocasião foram realizadas quatro atividades para que os(as) alunos(as) possam vivenciar e compreender mais sobre a temática proposta. As atividades são compostas por uma observação na Praça dos Bombeiros, uma aula expositiva com discussão sobre o que foi apontado pelos(as) Bombeiros(as) Mirins (BM),  atividades lúdicas sobre o tema, as atividades eram: passar por uma pista de obstáculo com os olhos vendados seguindo apenas os comandos dos(as) colegas, a segunda atividade era brincar de mímica, uma maneira de tentar se expressar sem utilizar a voz e a última atividade adaptada do vôlei sentado, baseado em um esporte paraolímpico.  E por fim, uma atividade para casa, onde os(as) alunos(as) deveriam escrever uma redação contando como foi a experiência em estudar o tema.

A realização dessas atividades lúdicas teve como finalidade desenvolver nos(as) educandos(as) diversas habilidades como a atenção, memorização, imaginação, em suma, todos os aspectos básicos para o processo da aprendizagem, que está em formação. Dessa forma, trabalhar acessibilidade com eles(as) possibilita uma mudança de visão abrindo os horizontes para um mundo mais amplo, principalmente que não é apenas nas estruturas físicas e nem apenas para deficientes físicos que existe acessibilidade, mas sim existe outros tipos de deficiências e estas também precisam de adaptações nos ambientes de convivência, pois a informação é fundamental para vencer as barreiras do preconceito e da discriminação, promovendo o respeito à diversidade humana. Muitas vezes, a principal barreira é a atitude em relação às pessoas com deficiência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a intenção de conscientizar os(as) BM sobre a capacidade e as contribuições que as pessoas com deficiência podem oferecer, realizou-se as atividades, para tanto, em um primeiro momento houve uma divisão em 4 grupos, após a divisão foram orientados(as) a seguir junto com a enfermeira e monitores(as) até a Praça dos Bombeiros onde, fizeram uma observação, anotando na concepção deles(as) se a praça é acessível à população de uma maneira geral, assim como, apontando o que poderia prejudicar o acesso as pessoas com deficiência.
            Na ocasião os(as) BM observaram uma rampa para pessoas com cadeiras de rodas, onde seu início havia calçada irregular o que poderia danificar a cadeira de rodas, identificaram corrimãos nas escadas, descreveram também que em alguns lugares o calçamento era irregular, além de alguns bancos mal conservados, visualizaram má conservação do ambiente por alguns frequentadores do local, pois havia alguns resíduos de lixo, mas sendo limpo por um profissional.  O objetivo dessa atividade foi ter um primeiro contato com o assunto, já que quando foram questionados sobre o que é acessibilidade muitos só ouviram falar no termo, mas não sabiam o conceito, fora que essa atividade ajuda na compreensão da dimensão dos espaços públicos.
Após essa atividade os(as) educandos(as) foram para sala de aula relatar tudo que observaram e discutir o que poderia ser melhorado, logo após tiveram uma aula sobre o conceito de acessibilidade, tipos de deficiências e como se relacionar com as pessoas com deficiência, esta aula foi baseada na cartilha “Atitudes que fazem a diferença com PCD: Garantir os Direitos Humanos é o caminho para a inclusão” (FADERGS,2013).
Durante a aula também foi relatada as vivências que alguns(as) alunos(as) tiveram com pessoas com deficiência, além de elucidar algumas dicas de convivência para com essas pessoas. O propósito dessa aula foi desmitificar preconceitos e esclarecer dúvidas que poderiam ter. Muitos dos(as) educandos(as) expuseram conhecer alguma pessoa com deficiência, seja na escola ou na vizinhança, e explicaram como essas pessoas se relacionavam nesses espaços.
Nessa aula foi explicado as deficiências físicas, auditivas, visuais, intelectuais e múltiplas, e como devemos nos portar quando convivemos com esses indivíduos. Dicas simples como se a conversa durar muito tempo com uma pessoa que utiliza cadeira de rodas, deve-se sentar para que ambos fiquem confortáveis ou como descrever o ambiente para uma pessoa com deficiência visual.
Junto com as explicações foi mostrado aos(as) educandos(as) exemplos de lugares acessíveis a esse público, como um restaurante que possui seu cardápio em libras e um museu que é todo adaptado para pessoas com qualquer tipo de deficiência. Salientou-se a legislação que garante os direitos dos indivíduos com deficiência.
Posteriormente a aula expositiva, todos(as) receberam o seguinte convite: “Depois da teoria vem a prática, vamos vivenciar esse mundo novo? Sigam até o ginásio”, logo, voltaram a ser divididos nos mesmos grupos da primeira dinâmica, os(as) BM realizaram as atividades lúdicas propostas, neste momento nenhum dos(as) alunos(as) se opuseram em participar das dinâmicas. Sendo assim, o lúdico tem como principal finalidade favorecer o desenvolvimento da pessoa humana numa dinâmica de inter–atuação lúdica, estimulando o processo de estruturação afetivo–cognitivo da criança, socializa criativamente quando jovem e mantêm o espírito de realização no(a) adulto (NILES e SOCHA, 2014).
            Os(as) alunos(as) relataram gostar mais da pista de obstáculo, pois acharam difícil realizar a atividade sem poder ver e destacaram como é importante ajudarmos as pessoas, pois ao realizar o percurso com os olhos vendados precisavam que um(a) colega os(as) ajudassem. Uma das BM comentou que sentiu medo em realizar essa dinâmica, pois tinha que passar por obstáculos com cones, cordas e bolas sem poder ver apenas ouvindo as instruções do(a) outro(a).
            Mencionaram também que foi muito divertido participar da brincadeira de mímica, pois até se colocarem nesse lugar de comunicação sem voz não haviam percebido como era essa realidade, o mesmo para a adaptação do vôlei sentado, consideraram fácil o exercício e compreenderam que é muito limitado a locomoção e se pudessem andar conseguiriam ser mais ágeis.
Em relação a tarefa escrita em casa, essa foi entregue no sábado posterior a aula realizada, assim, os(as) BM fizeram uma redação respondendo a questão: “Agora que você vivenciou esse processo, como foi participar dessa atividade?” Todos(as) que executaram essa atividade descreveram que após participarem da aula perceberam o quão é difícil fazer coisas simples do cotidiano quando se tem alguma deficiência e que as atividades lúdicas ajudaram a compreender mais sobre a acessibilidade.
Foi unanimidade entre os(as) participantes que essa aula fez com que percebessem como é importante ajudar o próximo e como os espaços urbanos muitas vezes não são adaptados para pessoas com deficiências, mas que hoje conseguem observar melhor e que se todos(as) trabalhassem em conjunto poderia haver muitas melhorias.
A experiência possibilitou perceberem atitudes que nem sempre todos notam, que algumas vezes as pessoas com deficiências são ignoradas no seu dia-a-dia e que precisam de ajuda e respeito. Uma BM escreveu em sua redação que após a aula, ela conseguiu perceber que as pessoas com deficiência precisam de mais cuidado e que todos precisam ajuda-los. Isso demonstra que essa temática precisa ser mais debatida, dado que, em atitudes corriqueiras podem fazer grande diferença, não somente para os indivíduos com deficiência, mas para as demais pessoas.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a educação em saúde realizada com os(as) BM sobre a temática acessibilidade foi efetiva, pois notou-se que esses foram sensibilizados sobre a temática. Visto que, após uma reflexão sobre a aula desenvolvida e o relato de suas experiências em uma redação, eles expuseram como é importante ajudar as pessoas não importando se essa tem ou não deficiência, além de passarem a observar se os espaços de convivências são ou não acessíveis para todas as pessoas que ali circulam.

REFERÊNCIAS


BRASIL, Ministério dos Direitos Humanos. Acessibilidade. Disponível em <http://www.sdh.gov.br/acessibilidade> Acesso em 16 jul 2017.

BRASIL, Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Acessibilidade. Disponível em <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilidade-0> Acesso em 14 de jul de 2017.

CARDOSO DE MELO, J. A. Educação e as Práticas de Saúde. In: ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO (Org.). Trabalho, Educação e Saúde: reflexões críticas de Joaquim Alberto Cardoso de Melo. Rio de Janeiro: EPSJV, 2007.



FADERS. Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul. Atitudes que fazem a diferença com PCD: Garantir os Direitos Humanos é o caminho para a inclusão. 2013. Disponível em <http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/uploads/1427723364Cartilha_Faders_word_com_novo_layout.pdf> Acesso em 14 de jul 2017.


NILES, R.P.J; SOCHA,K. A importância das atividades lúdicas na educação infantil. Ágora: R. Divulg. Cient., v. 19, n. 1, p. 80-94, jan./jun. 2014.

MACHADO, M.F.A.S. et. al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.2, p. 335-342, 2007. Disponível em: < http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n2/a09v12n2 >. Acesso em 21 de jul 2017.

UNITED NATIONS, Universal Declararation of Human Rights. Disponível em <http://www.un.org/en/universal-declaration-human-rights/index.html> Acesso em 16 jul 2017.

PROJETO BOMBEIRO MIRIM, Projeto Bombeiro Mirim. Disponível em <http://projetobombeiromirimsm.blogspot.com.br/> Acesso em 14 jul 2017.

VALLA, V. V.; STOTZ, E. N. (Orgs.) Educação, saúde e cidadania. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. 141 p.


[1] Trecho da música de Sing Out, Acessibilidade. Disponível em < https://www.letras.mus.br/sing-out/1903729/> Acesso em 16 jul 2017.


[2] Enfª Mestranda em enfermagem, pela Universidade Federal de Santa Maria. Enfª Voluntária no Projeto Bombeiro Mirim.k.cristy.p@hotmail.com.


[3] Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria, Monitora do Projeto Bombeiro Mirim. aline.gomes1996@hotmail.com


[4] Acadêmica de Filosofia Licenciatura pela Universidade Federal de Santa Maria, Monitora do Projeto Bombeiro Mirim, e-mail lays.bassi01@hotmail.com.

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